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VT com menos integrações… Passageiros pagam mais pelo serviço

Nesta sexta-feira, 1º de março, começa a valer a alteração promovida no uso e no tempo do Bilhete Único para aqueles que usam Vale Transporte. Agora, quem utiliza Vale Transporte só terá direito a duas integrações em um período de três horas. Essas duas integrações poderão ser feitas entre ônibus ou entre ônibus e metrô/trens metropolitanos. Segundo a Prefeitura, “essa é uma medida para equilibrar o sistema sem onerar os demais passageiros.” Se para a Prefeitura a medida ajuda a “equilibrar o sistema”, para o passageiro será mais um problema.

O passageiro que mora mais longe, mais uma vez, será onerado com essas mudanças. Dependendo de onde mora, são necessárias mais do que duas conduções para que ele chegue ao seu destino pela falta de uma condução direta – que, em alguns casos, até existiam mas foram extintas pela própria Prefeitura, sob a alegação de substituição pelas integrações temporais entre linhas. Logo, quem arcará com essa diferença de custo? A Prefeitura lava as mãos: diz que não é obrigação dela subsidiar o custo do vale transporte, visto que ele é um direito do trabalhador. Já o trabalhador só tem duas escolhas: ou assume a despesa; ou cobra do patrão, assumindo o risco de perder seu emprego por conta da despesa com transporte. Vale lembrar que o empregador já paga mais caro quando adquire o vale transporte: R$ 4,57, ante R$ 4,30 do valor da passagem.

Licitação – A licitação do transporte coletivo da cidade de São Paulo, cujos documentos das postulantes às áreas estão em análise pela Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes (SMT), prevê a redução no número de linhas de ônibus. Muitas serão seccionadas em determinados pontos do trajeto atual e, para chegar ao seu destino, será necessária uma segunda condução. Questionada sobre um possível aumento no número de integrações do Bilhete Único em reuniões passadas, a SMT disse, no começo de 2018, que não seria necessário um ajuste no tempo do Bilhete Único, visto que simulações mostraram que o passageiro dificilmente precisaria de mais de quatro ônibus para completar o trajeto. Agora, com a limitação para, no máximo, duas integrações para os que usam o Vale Transporte, será que isso ainda se aplica para quem vem de mais longe?

Desde 2017, a Prefeitura mostra-se insensível àqueles que usam as linhas de ônibus da cidade de São Paulo. Além da falta de investimentos em infra-estrutura de transporte (terminais e corredores para ônibus), há ainda a elevação do custo para o passageiro. Naquele ano, o desconto na compra de créditos de tarifas temporais foi reduzido para evitar o aumento da passagem básica – e manter a promessa de campanha do então prefeito João Dória de não aumentá-la. Logo, o preço das modalidades diário e mensal do Bilhete Único, tanto comum como integradas, foram elevados. E isso afetou quem? Quem mora mais longe e, muitas vezes, utiliza mais conduções para se deslocar mais rapidamente.

Para compensar esse custo, as pessoas começam a migrar para outras formas de transporte, como o por aplicativos e outras formas de mobilidade (por bikes, patinetes ou mesmo a pé). Essa migração acaba diminuindo a receita com tarifas, obrigando a Prefeitura a aumentar os subsídios para compensar os custos, em um círculo que não tem fim.

Aparentemente, essa migração não parece ser um problema para as empresas, visto que a queda na quantidade de passageiros sempre retroalimenta o valor da tarifa – o valor do “bolo” é sempre dividido com a população pagante. Essa falta de responsabilidade das empresas e falta de concorrência em diversos trechos é que faz com que a operação de transporte urbano na cidade de São Paulo compense tanto. Elas não tem de atrair passageiros com seus serviços. Pelo contrário, parece que o passageiro é quem tem a obrigação de ir até ele.

A Prefeitura teria papel fundamental em reduzir o custo do sistema. No entanto, como pode ser visto na licitação em curso, em que não há estímulo a um maior número de participantes nem na descentralização da operação em setores/áreas menores, parece que a ideia é empurrar o problema para outro, não importa o quanto isso custe.

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